[RP Fechada] — Not just friends. Family.

August abriu os braços quando o corpo peludo foi de encontro ao dele e deixou a gargalhada ser solta, como se não houvesse amanhã. Virava seu rosto, mantendo o sorriso e os protestos enquanto Spirit lhe enchia de lambidas e era acariciado pelas mãos do filho de Júpiter. Ele adorava aquele cachorro, quase tanto quanto adorava a dona dele que naquele dia, lhe chamara para conversar.

— Calma aí, totó. Depois a gente brinca mais. — Ele falou, dando um último carinho no pescoço do cachorro de Cassie, enquanto arrumava seus óculos, olhando pelo vidro da sorveteria se estava bem vestido. Ele ainda sentia vergonha de ser um semideus, filho do rei dos deuses, que utilizava óculos, mas não se preocupava nem um pouco em fazer poses em frente ao vidro que de espelho não tinha nada. Ele sorriu quando se voltou para a garota, observando os sorvetes dela e de Alexandra, que também havia sido chamada. Mantendo o mesmo sorriso para a centuriã, se aproximou de Cassiele - como a chamava - já fazendo uma expressão dramática enquanto pegava seu sorvete e sentava na cadeira indicada por ela.

— Eu sinto lhe informar, Cassie, mesmo com sorvete e com essa tentativa linda, mas... Eu não quero me casar com você.
Ele brincou, deixando que a comida gelada chegasse a sua boca e ele apreciasse o seu sabor favorito, já de conhecimento, para logo em seguida comentar. — Nem com você, Lexiana.

Augustus gostava de sorvete de flocos por um motivo que ia além do sabor. Ele sentia que naquela mistura de sorvete e mini-bolinhas de chocolate havia algo filosófico, algo que contasse que em meio a imensidão idêntica entre si, ocupando espaços gigantes e vivendo uma vida monótona, haviam os diferentes, aqueles que se destacavam e poderiam ser muito melhor do que a sociedade esperava que eles fossem. Essa era a filosofia do Sorvete de Flocos, e mesmo que parecesse louco, o jovem Graham apreciava aquele pensamento, e juntamente, apreciava o sorvete.
Mas, de todas as coisas que poderiam acontecer, essa era a última que ele esperava.

— Cassie, não se brinca com isso... — Ele falou, rindo baixo sem olhar para ela enquanto cutucava o sorvete com o dedo e levava este, todo cheio da massa esbranquiçada até a boca. Até que notou que a melhor amiga não estava sorrindo. Seu coração falhou uma batida e seus olhos se arregalaram no mesmo instante que ele se engasgava com o sorvete e começava a tossir. Quando a crise acarretada pela surpresa e susto passaram, ele olhou para ela. — Ai meus deuses... Cassandra!

Seus pensamentos sem controle o levaram a imaginar a criança crescendo em um mundo como aquele, em um acampamento militar romano. Ele não queria aquilo para ninguém, não queria que mais pessoas crescessem em um sofrimento como o que passara até chegar ao acampamento e o que vivenciava no lugar, em meio as dores do treinamento e o temor de uma nova invasão ou de novos ataques. Mas a amiga parecia decidida, e feliz. Não havia medo nas palavras dela, não havia nada se não um sorriso em seu rosto. E aquilo deixou o alívio estampado na face do filho de Júpiter. Ele se levantou, emocionado e mantendo Cassie sentada, abraçou seus ombros, depositando um beijo em sua bochecha logo em seguida.

Os pensamentos anteriores deram lugar a novos. Ele imaginou que o filho de Cassie cresceria cercado pelo amor dos amigos dela, aprendendo do melhor jeito possível. August tinha certeza daquilo.

— Parabéns, perneta. — Sorriu, impedindo que as lágrimas chegassem a se acumular em seus olhos enquanto voltava ao seu lugar. — Cara, eu estou realmente feliz. E não é só pelo sorvete. — Não conseguiu deixar de brincar. — Pode deixar que o Mr. Harryson não saberá disso pelas minhas palavras.

Ele sorriu quando ouviu as primeiras palavras dela. De tantas preocupações que poderiam haver, sua melhor amiga se preocupava com aquela. Não que não fosse algo a se preocupar, mas chegava a ser um pouco engraçado imaginar aquela situação pois August não duvidava que vez ou outra, Cassie iria tentar dar uma chave de fenda para a pequena, ou o pequeno. E caso Harry não estivesse por perto, ele estaria, primeiramente para rir e em seguida para socorrer as duas crianças.

Mas qualquer pensamento sumiu quando Cassie fez aquele pedido. Seus olhos se encheram de lágrimas pois nunca, desde pequeno, ele imaginou que algo assim pudesse acontecer. August não tinha família, não tinha alguém que pudesse proporcionar momentos como aquele, mas ali estava a filha de Vulcano provando ser possível ter uma ligação como aquela sem haver sangue igual. Ele agradecia a todos os deuses por aquela possibilidade de conhecer alguém tão bom no acampamento. Isso desconsiderando Alexis porque ela gostava de ser má com o pobre filho de Júpiter.

— Cassie... — Ele se ajoelhou frente a ela, pegando sua mão e sorrindo. — Você pode ter certeza de que eu, Alexis e qualquer um dos outros amigos não importantes... — Negou-se a deixar as piadas. — Iríamos permitir que você lidasse com isso sozinha. Você tem nós, e principalmente Harry para aguentar futuros choros, manhas ou birras de crianças histéricas. Mas enfim, você vai ter a gente. E eu tenho certeza que você vai ser uma ótima mãe, principalmente porque vai dar muitos brinquedos com sua capacidade criativa.

Ele se levantou e deu um último abraço na garota antes de se afastar e ficar ao lado de Alexis, apoiando seu braço no ombro da filha de Plutão. Provavelmente levaria um soco ou seria xingado, mas no momento aquilo não importava.

— E pode contar que esta criança vai ter o melhor padrinho do mundo... Não vou dar presentes pois sou pobre, mas serei um padrinho incrível.